O homem sente a necessidade de expressar seus sentimentos e a partir da necessidade de expressão, em suas diversas formas surge a cultura.

Desde o século XIX inicia-se a tentativa de classificar cultura. Os europeus partiram na frete e buscaram desenvolver uma teoria com base em uma hierarquia humanista que exaltava a soberania das grandes potências da época.

Nos estudos realizados se concluiu que:

Cada cultura é resultado de uma história particular, e isso inclui também suas relações com outras culturas. Assim, falar, por exemplo, nas etapas humanas de selvageria, barbárie pode ajudar a entender o aparecimento da sociedade burguesa na Europa, mas não é suficiente para dar conta de culturas que por longo exemplo se desenvolveram fora do âmbito dessa civilização. (SANTOS, 1949: p. 12).


Era uma visão preconceituosa que tirava o direito de equivalência cultural de outras civilizações nascidas fora do eixo burguês europeu, as críticas foram apenas conseqüência de uma filosofia falha.

Para os europeus do século XIX um quadro de uma paisagem pintado por um artista europeu, por exemplo, tinha um maior valor cultural do que um conjunto de cestas produzidas por uma civilização indígena, hoje sabemos que a teoria da hierarquização é falha e as particularidades artísticas, dentro do conceito abstrato de criação, não podem comparadas, cada uma tem seu valor cultural.

No mesmo século foi empregado na Inglaterra e na Alemanha o termo Culture, ou Kultur e surgiram os primeiros livros que explicavam a cultura: o poeta Matthew Arnold publicou Culture ande Anarchy em 1869 e o antropólogo Edward Tylor, Primitive Culture em 1871.


Segundo Peter Burke (1937) a história cultural pode ser dividida em quatro fases: a clássica, a fase da história social da arte no início da década de 1930, a fase da descoberta da história cultural popular na década de 1960 e por fim a nova história cultural.

A história da cultura clássica inicia-se no período de 1800 até 1950, era a tentativa de quebrar o cientificismo e desenvolver uma cultura relacionada ao espírito, a sociedade vinha de uma fase onde tudo era comprovado e as questões eram respondidas com a ciência, tudo se mostrava exato, a cultura clássica resgatou a sensibilidade. A cultura também foi chamada de clássica devido à divisão histórica uma vez que foi aplicada no período clássico.

Destacam-se duas obras do período clássico: A cultura do renascimento na Itália, de 1860 do historiador suíço Jacob Burckharrdt que embora profissional acadêmico escreveu para o grande público, a obra era um patrimônio da cultura iniciando os estudos na Grécia Antiga até o Renascimento italiano.

A segunda obra foi o livro Outono da Idade Média (1919) escrita pelo historiador holandês Johnan Huízinga, “tratava de temas como o sentimento em declínio, o lugar do simbolismo na arte” (BUKER, 1937), a intenção era relacionar a arte como formação de uma época.

Na segunda fase buscava-se a relação histórica cultural e a sociedade, é nessa fase que observamos a maior contribuição acadêmica, obra de diversos autores como Max Weber e Norbert Elias, que buscavam explicar a cultura a partir das civilizações.

Na fase da história da cultura popular iniciada em 1960, o povo era o centro e detentor da particularidade artística de canções populares e atividades folclóricas. Um dos primeiros exemplares publicados no período foi por Francis Newton em 1959 titulava-se História Social do Jazz.

Definir cultura é complexo inicialmente porque cultura na teoria significa cultivar, plantar, a definição de cultura que conhecemos é quase uma metáfora, cultura denota de início um processo completamente material, que foi depois metaforicamente transferido para a questão de espírito.

Diria então que cultivar significa transformar a natureza, cuidar da terra em busca de frutos utilizados para alimentar a matéria humana para sobrevivência, podemos fazer um comparativo, cultura transforma a mente do ser, os frutos tão necessários para sobrevivência são representados pela criação e o resultado é a arte propriamente dita.

Em uma idéia imediatista muitas vezes associamos cultura a programas televisivos, rádio, revistas, pinturas, peças teatrais, trabalhos artesanais e esquecemos que cultura está relacionada diretamente a formação educacional do ser, determinando assim, duas concepções básicas da cultura.

“A primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças de um povo”. (SANTOS, 1949: p. 37).

Na primeira concepção caracterizamos de um modo geral todos os aspectos que constitui essa cultura quer dizer, ma primeira concepção falamos de cultura brasileira, do jeito brasileiro de ser por um todo, na segunda concepção falamos especificamente da língua, da gastronomia, dos costumes, do folclore que constitui a cultura brasileira. Na primeira concepção é o todo e na segunda concepção é parte desse todo.

O resultado da relação apresentada é a pluralidade, o elo observado entre a cultura e a sociedade, as varias facetas capazes que serem realizadas por uma sociedade através da expressão artística, o modo de agir e se comportar, a fala dente outros.



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